Durante esse Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, o Dr. Daniel Cubero, oncologista e diretor executivo do Centro de Estudos e Pesquisas de Hematologia e Oncologia, concedeu uma entrevista especial abordando as principais atualizações em câncer de mama, avanços na prevenção, diagnóstico e tratamento, além de orientações valiosas para as mulheres.
Prevenção e diagnóstico precoce
O Dr. Cubero iniciou a conversa relembrando a origem do movimento Outubro Rosa, que surgiu a partir da história de Susan G. Komen nos Estados Unidos, e destacou o quanto a conscientização sobre o câncer de mama evoluiu desde então. No entanto, ele reforçou que a principal estratégia atual de prevenção não está mais no autoexame, mas sim na mamografia anual a partir dos 40 anos.
“O autoexame, infelizmente, detecta lesões grandes, muito tarde. O que queremos é descobrir a doença quando ela ainda é milimétrica, não palpável. Nesses casos, as chances de cura são muito altas e, muitas vezes, sem grandes sequelas”, explicou o médico.
A mamografia continua sendo o exame ouro para o rastreamento da doença. O oncologista alerta que mulheres jovens, sem histórico familiar, não devem realizar o exame antes dos 40, pois as mamas mais densas dificultam a detecção de alterações.
A importância da regularidade
Segundo o Dr. Cubero, a procura por exames aumenta significativamente durante o Outubro Rosa, o que acaba sobrecarregando o sistema de saúde. Ele recomenda que as mulheres façam seus exames ao longo do ano, mantendo a periodicidade anual.
“O ideal é não concentrar tudo em outubro. A prevenção deve fazer parte da rotina. Um bom lembrete é marcar os exames no mês do seu aniversário — é o seu presente para você mesma”, sugeriu o especialista.
Desigualdades no acesso ao diagnóstico
O médico também comentou sobre o acesso às mamografias pelo SUS, destacando que há desigualdade entre as regiões do país, mas que o Grande ABC possui uma estrutura diferenciada.
“O nosso SUS aqui na região é bem estruturado. Um exame agendado para dois ou três meses depois não é um atraso preocupante. O que buscamos é detectar algo que a mulher ainda nem percebeu”, afirmou.
Avanços no tratamento: novas terapias e personalização
Entre as principais atualizações em câncer de mama, o Dr. Cubero destacou o grande volume de pesquisas e inovações na área. A doença, segundo ele, não é homogênea — existem diversos subtipos, cada um com comportamento e tratamento diferentes.
“Aprendemos que o câncer de mama não é uma doença única. Temos tipos mais e menos agressivos, mas, em comum, quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de cura”, destacou.
Nos últimos anos, exames genéticos e moleculares têm ajudado os especialistas a identificar quais pacientes realmente precisam de tratamentos mais intensos, como a quimioterapia. Essa personalização representa um enorme avanço, reduzindo efeitos colaterais e aumentando a qualidade de vida das mulheres.
“Hoje conseguimos definir melhor quem precisa de quimioterapia. Isso é um grande ganho — oferecer tratamentos agressivos apenas para quem realmente precisa”, completou.
Além disso, as técnicas cirúrgicas evoluíram. Cirurgias conservadoras e reconstruções mamárias imediatas, muitas vezes realizadas pelo próprio mastologista, tornaram o tratamento menos invasivo e mais humano.
Fatores de risco e genética
O câncer de mama, segundo o oncologista, tem fatores de risco que vão além do estilo de vida. Ser mulher e o número de ciclos menstruais são fatores biológicos inevitáveis. No entanto, hábitos saudáveis ainda são importantes.
“Mesmo que uma mulher faça tudo certo — não fume, mantenha o peso e pratique exercícios —, ela não estará isenta do risco. Mas esses hábitos são fundamentais para a saúde geral”, afirmou.
Casos de câncer em mulheres muito jovens na família (antes dos 40 anos) exigem atenção especial, com investigação genética mais detalhada. “Essas famílias devem ficar em alerta e buscar avaliação médica”, recomenda o Dr. Daniel.
Humanização e apoio emocional
Outro ponto importante abordado na entrevista foi o apoio emocional às pacientes. Para o especialista, o tratamento atual é muito mais humano, graças à integração de equipes multiprofissionais e ao trabalho das ONGs.
“Hoje as mulheres são acolhidas por fisioterapeutas, psicólogos e grupos de apoio. Muitas dessas ONGs são formadas por mulheres que já passaram pelo mesmo processo, e isso faz toda a diferença”, destacou.
As atualizações em câncer de mama mostram um cenário cada vez mais promissor — com diagnóstico precoce, tratamentos personalizados e cuidado integral com a paciente.
Confira a entrevista completa em:
Saiba como participar dos estudos clínicos em câncer de mama disponíveis no CEPHO: