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Considerações sobre a pesquisa clínica, o câncer e o futuro da medicina

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Confira o depoimento da Dra. Patrícia Santi, Pesquisadora e Gerente Médica do CEPHO, sobre o câncer e os desafios que precisam ser enfrentados atualmente para que a população viva com mais saúde e qualidade de vida.


O câncer é documentado desde os primórdios da humanidade. Hipócrates, considerado o pai da Medicina, foi um dos primeiros a nomear esta enfermidade, por volta de 400a.C.. Sua observações baseavam-se na semelhança com o caranguejo, do grego Karkinos, uma vez que o tumor e o os vasos sanguíneos ao seu redor lembravam a figura deste crustáceo com as patas espalhadas na areia.

Ainda hoje o câncer assusta, povoa os pesadelos e os diagnosticados são estigmatizados por estarem com a morte à espreita. O câncer é democrático, não respeita classe social, raça, idade ou orientação sexual. Não temos uma relação de causa e efeito definida matematicamente e, mesmo seguindo todas as recomendações importantes e cabíveis que incluem cessação do tabagismo e mudanças do estilo de vida bem como adotando os métodos efetivos de rastreamento e diagnóstico precoce já consolidados, não há garantias, em 100% das vezes, que não venhamos a padecer deste mal.

No entanto, as notícias são excelentes, com o avanço na pesquisa científica temos desvendado os mistérios biológicos e moleculares do câncer e desenvolvido inúmeros tratamentos eficazes e bem tolerados que, se não aumentam a chance de cura, permitem que os pacientes vivam cada vez mais e melhor. A magnitude destas descobertas foi recentemente demonstrada e referenciada com o Prêmio Nobel de Medicina de 2018 para os imunologistas James P. Allison e Tasuku Honjo, responsáveis pelo desenvolvimento da Imunoterapia, que mudou radicalmente a forma de tratarmos o câncer.

A pesquisa clínica determina o futuro da medicina e, na oncologia, não é diferente. Os ensaios clínicos conduzidos em todo o mundo produzem dados científicos para melhor tratarmos nossos pacientes, manejarmos toxicidades e agregarmos sobrevida com qualidade de vida. Na Faculdade de Medicina do ABC, o CEPHO (Centro de Estudo e Pesquisa em Hematologia e Oncologia) foi fundado em 1996 pelo Dr. Auro Del Giglio, Professor Titular da Disciplina de Oncologia e Hematologia, que sempre almejou o convívio intenso do ensino com a pesquisa e ciência.

Desde então, o CEPHO já conduziu inúmeros estudos clínicos pivotais que culminaram com a incorporação de novas drogas à prática clínica determinando maior êxito na luta contra o câncer. Nossos pacientes, a grande maioria proveniente do SUS, obtiveram acesso a estas drogas, sem qualquer custo, e muitos deles estão vivos até hoje em decorrência do tratamento recebido.

Particularmente, em câncer de mama, o CEPHO recrutou, tratou e acompanhou dezenas de mulheres dentro de estudos clínicos importantes como o Hera, que consagrou o uso  adjuvante do Trastuzumabe, um anticorpo monoclonal contra a proteína Her2, para as pacientes com câncer de mama Her2 positivo. Também participou de estudos como o Cleopatra e o Emilia que levaram à aprovação das drogas Pertuzumabe e Trastuzumabe-Emtansina, respectivamente, que permitiram ganho robusto de sobrevida global para as pacientes com câncer de mama metastático Her2 positivo.

A pesquisa clínica como principal alicerce da evolução na Medicina e da boa prática clínica fez parte da minha formação como oncologista e norteia minha vida profissional desde então. Atuo no CEPHO como pesquisadora e gerente médica tendo por objetivo oferecer acesso a tratamentos inovadores aos nossos pacientes por meio dos estudos clínicos, conciliando um atendimento humanizado à excelência na coleta de dados.

No Brasil, a pesquisa clínica vem crescendo e ganhando corpo aos poucos. A cultura de participar de um estudo clínico ainda não é totalmente difundida entre os pacientes, o medo e o preconceito ainda ocupam um espaço significativo. Entretanto, cabe a nós médicos, esclarecermos nossa população sobre os preceitos éticos envolvidos e sobre os benefícios relevantes que podem ser atingidos. A pesquisa clinica pode ser o caminho para o acesso a novos tratamentos indisponíveis no nosso meio, ao aumento da sobrevida dos nossos pacientes e, quem sabe, à cura.

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