A luta contra o câncer é marcada por desafios intensos, principalmente quando se trata de tumores considerados intratáveis. Mas a ciência segue avançando, e uma nova descoberta pode abrir caminhos para o tratamento de alguns dos tipos mais agressivos da doença. Um medicamento experimental chamado PMR‑116, desenvolvido pela Universidade Nacional Australiana (ANU) em parceria com a empresa Pimera Therapeutics, vem demonstrando resultados promissores em testes pré-clínicos e deve iniciar sua fase de estudos com humanos em 2025.

Inovação na mira do câncer: como o PMR‑116 funciona

O PMR‑116 atua de maneira inovadora: ele inibe a síntese de RNA ribossômico, processo essencial para a sobrevivência e multiplicação das células cancerosas. Seu foco está nas células tumorais que apresentam ativação do oncogene MYC — um gene conhecido por promover o crescimento celular de forma descontrolada em diversos tipos de câncer.

Ao bloquear a produção de RNA ribossômico, o medicamento interfere diretamente na capacidade das células tumorais de se multiplicarem. O grande diferencial do PMR‑116 está em sua seletividade: ele visa, principalmente, tumores com o MYC ativado, um alvo difícil e até agora pouco explorado por outras terapias disponíveis.

Resultados animadores do PMR‑116 em laboratório

Nos testes realizados em camundongos com câncer de próstata, o PMR‑116 apresentou resultados animadores: redução de até 85% no volume dos tumores. Essa resposta significativa chamou a atenção da comunidade científica, especialmente por se tratar de um tipo de câncer notoriamente resistente a tratamentos em fases avançadas.

Ainda que os resultados em modelos animais não garantam a mesma eficácia em humanos, esse avanço representa um passo importante no desenvolvimento de terapias mais específicas e eficazes para tumores difíceis de tratar.

Próximos passos do PMR‑116: ensaio clínico em humanos

A previsão é que os primeiros testes clínicos com o PMR‑116 em seres humanos tenham início em 2025. O formato do estudo será um “ensaio em cesta” (basket trial), ou seja, reunirá pacientes com diferentes tipos de câncer que compartilham a mesma característica molecular — neste caso, a ativação do oncogene MYC.

Esse modelo de pesquisa permite testar o medicamento em múltiplos tumores simultaneamente, como os de ovário, fígado, pâncreas e próstata, entre outros. Todos esses tipos têm em comum a complexidade no tratamento e uma tendência a apresentar resistência às terapias convencionais.

Esperança com responsabilidade

A descoberta do PMR‑116 é, sem dúvida, um avanço científico digno de atenção. No entanto, é importante destacar que o medicamento ainda está em fase inicial de desenvolvimento clínico. Até que sua eficácia e segurança sejam devidamente comprovadas em humanos, não há garantias de aplicação prática ou comercial.

O combate ao câncer exige responsabilidade e orientação adequada. Por isso, qualquer esperança depositada em novos tratamentos deve ser equilibrada com informação clara, acompanhamento médico rigoroso e respeito às etapas da pesquisa científica.

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